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Sinopse:
Não saberei dizer em que escola, propriamente, me filio, na posição teórica que assumo. Talvez um funcionalismo de forte acento social, um imenso desejo de que o que escrevo venha a servir a comunidade que estudei e a nação a que pertenço. E, juntamente, um pendor pedagógico que me vem da vocação e do ofício. Sempre estou querendo ensinar, tornar claro e acessível o que escrevo. Daí que, uma vez por outra, entre em desvios, que se terão por escusados, mais para notas um tanto soltas do que para corpo organizado: o leitor me perdoará tais digressões. Cansarão, seguramente, os entendidos, mas satisfarão, creio, os que precisam de aprender. ¶ (…) O povo de Pitões me ensinou a ser mais directo, mais autêntico, mais o que sou e menos o que me obrigam a ser. Na sua linguagem livre estava o homem livre com que cada um de nós devia reencontrar-se neste mundo de formalidades e disfarces. Esta, uma das grandes lições que me deu. A outra, porventura maior, foi a que quotidianamente de todos recebi e constitui a própria substância do livro. Eles mo ditaram, só o escrevi. ¶ [Manuel Viegas Guerreiro]
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Como acontece em outros livros, Manuel Viegas Guerreiro defende, em Pitões das Júnias, que há como que uma ligação direta e imediata entre a realidade cultural que observa e o texto que a descreve. O autor não seria mais do que um instrumento, um intérprete duma composição que é realmente composta pela comunidade que estudou: «A outra [lição], porventura maior, foi a que quotidianamente de todos recebi e constitui a própria substância do livro. Eles mo ditaram, só o escrevi.» Esta forma de encarar a relação entre o especialista que realiza o estudo e a comunidade que é estudada é um dos aspetos mais originais do pensamento de Manuel Viegas Guerreiro. ¶ [Francisco Melo Ferreira – Grupo de Investigação de Tradições Populares Portuguesas | Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa]
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Ainda recordamos o Professor Manuel Viegas Guerreiro, que, com paciência, nos ouvia, observava e, com um sorriso enorme, nos envolvia numa confiança de que jamais algo seria escrito sem ser o que de genuíno estava nas gentes de Pitões das Júnias.
A nossa monografia será sempre atual, pois ela regista-nos tal e qual nós somos, como era o nosso viver e como esse viver nos moldou ao longo dos tempos e gerações. Será, para sempre, a peça alta da cultura e do património imaterial de Pitões das Júnias, do concelho de Montalegre e da região do Barroso. [Junta de Freguesia de Pitões das Júnias]
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Nessa altura (1975), a Cultura dizia ainda respeito, sobretudo, às grandes obras de arte, aos grandes monumentos, não sendo então ainda dado o devido relevo ao património popular, nomeadamente o inscrito nas paisagens construídas pelo homem. Com a preocupação de inverter essa concepção da Cultura, num tempo em que se pensava que tudo ainda era possível, nasceu o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico.
(…) E uma da grandes preocupações foi, sem dúvida, estudar o que restava do comunalismo de algumas regiões do Norte de Portugal, entre elas Pitões das Júnias, que Viegas Guerreiro aceitou fazer com grande entusiasmo. [Fernando Pessoa | Arquitecto Paisagista]
Índice:
Preâmbulo
CAPÍTULO I – AMBIENTE FÍSICO 1. Situação geográfica 2. Clima 3. Paisagem
CAPÍTULO II – POVOAMENTO E CÔMPUTO POPULACIONAL 1. Povoamento 2. Cômputo populacional
CAPÍTULO III – EDIFÍCIOS 1. A casa 2. O palheiro
CAPÍTULO IV – ORGANIZAÇÃO SOCIAL 1. Família e casamento 2. A descendência 3. Terminologia e sistema de parentesco 4. Parentes fora da família; padrinhos, afilhados e compadres 5. Formas de tratamento 6. Ausência de classes 7. Controlo e mal-estar social 8. Relações com aldeias vizinhas 9. Relações com Galegos CAPÍTULO V – CRIAÇÃO DE ANIMAIS E INDÚSTRIA 1. Pastoreio a) «Bezeira» da rês b) Gado bovino Leite, manteiga e queijos Tecelagem Criação de porcos CAPÍTULO VI – AGRICULTURA E INDÚSTRIAS 1. Agricultura a) Regime agrário b) Culturas de sequeiro: o centeio A sementeira Sega da messe A malha ou malhada c) Cultura da batata d) O milho grosso 2. Moagem do centeio e do milho a) O edifício b) As peças c) Funcionamento 3. O pão que se fabrica O forno do povo 4. Horticultura 5. Árvores de fruto 6. O feno a) Lameiros b) A sega
CAPÍTULO VII – EMIGRAÇÃO 1. Saída para Castilha e Lisboa 2. Emigração para o Brasil 3. Emigração para França
CAPÍTULO VIII – COMÉRCIO
CAPÍTULO IX – OFÍCIOS
CAPÍTULO X – ALIMENTAÇÃO
CAPÍTULO XI – VESTUÁRIO
CAPÍTULO XII – O TRABALHO E OS SEXOS
CAPÍTULO XIII – ASPECTOS GERAIS DA ECONOMIA: DO COMUNITARISMO AO CAPITALISMO
CAPÍTULO XIV – EDUCAÇÃO
CAPÍTULO XV – AS CRENÇAS 1. Religião 2. Superstições
CAPÍTULO XVI – FESTAS RELIGIOSAS E PROFANAS 1. S. João 2. Festa de N. S. de Júnias: de Agosto 3. Entrudo 4. Outras diversões
CAPÍTULO XVII – A MODO DE CONCLUSÃO ANEXO
ANEXO 1
ANEXO 2
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE ANALÍTICO
ÍNDICE DAS FIGURAS
ÍNDICE DAS ESTAMPAS
Detalhes:
Ano: 2016
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 326
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-595-2
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