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Sinopse:
Logo no início do seu livro, Fernanda Henriques interroga-se – como pôde a dominação masculina ter sido tão completamente aceite? – para de imediato reformular a pergunta de outro modo – como pôde a dominação masculina parecer ter sido tão completamente aceite? (…). Com efeito, um dos contributos deste livro para o pensamento filosófico actual é reivindicar uma memória crítica para os Estudos Feministas (como faz, por exemplo, a classicista americana Page du Bois na sua releitura da antiguidade grega). (…) O objectivo último do livro (…) é justamente pensar a natureza humana no mundo independentemente do modelo masculino do pretenso universal neutro, que continua a pautar-se pelo homem vitruviano de Leonardo. O trabalho de releitura dos textos clássicos da filosofia ocidental, a que se entrega Fernanda Henriques neste livro (…) demonstra como metade da humanidade tem sido sistematicamente silenciada pela filosofia; ou, quando muito, representada de forma grosseiramente enviesada: mulheres vistas apenas, como as viu Aristóteles, como não-homens. [Prefácio – Maria Irene Ramalho] ¶¶ * * * ¶¶ A presente proposta de leitura é feita do interior de uma perspetiva feminista, ou seja, ela representa uma tomada de posição positiva em face de uma abordagem epistemológica das temáticas – quaisquer que sejam – do ponto de vista da busca de uma diferenciação e de um equilíbrio entre ser mulher e ser homem. Dito de outra maneira, não se considera aqui a hipótese de que haja um universal neutro para falar da humanidade, pelo contrário, o suposto é que essa pretensa neutralidade esconde, em primeiro lugar, a valorização da existência de mulheres e de homens e, em segundo lugar, é pensada a partir dos homens tomando-os como modelo e referência da humanidade. No entanto, Feminismo é um chapéu que cobre muitos feitios de cabeças, algumas delas rivais profundas. A literatura feminista fala hoje já de um pós-feminismo. Isto é, o que está em causa, atualmente, não é apenas defender-se um feminismo da igualdade ou um feminismo da diferença sexual, como há 30 ou 40 anos atrás. As polémicas hoje são muito mais complexas e, por exemplo, em relação à temática referida da igualdade ou da diferença, hoje discute-se, antes de tudo, a problemática da(s) identidade(s) e do seu sentido. [...]¶ [A Autora]
Índice:
Prefácio
Apresentação
PRIMEIRA PARTE PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS REGULADORES DA LEITURA PROPOSTA NESTE LIVRO
Capítulo 1: Porquê este livro?
Capítulo 2: Em busca de uma legitimidade filosófica ou a relação Filosofia/História da Filosofia
Capítulo 3: Construir uma memória histórica: uma necessidade para os Estudos Feministas
Capítulo 4: É possível narrar o passado filosófico de outra maneira?
SEGUNDA PARTE OUTRAS NARRATIVAS SOBRE A TRADIÇÃO OCIDENTAL
Introdução
Capítulo 1: Em busca de algumas raízes: Duas incursões interpretativas 1.1. A herança grega – as ambiguidades da cultura e da filosofia Gregas 1.2. A complexidade da concetualização das mulheres e do feminino na Idade Média: “teologização” da inferioridade feminina e da sua idealização
Capítulo 2: A Idade Moderna e a dimensão pública do debate pela cidadania no feminino 2.1. Exploração da herança cartesiana 2.2. A Revolução Francesa e a criação da Sociedade Moderna: inclusão e exclusão
Capítulo 3: As grandes mudanças paradigmáticas da segunda metade do século XX e a afirmação sistemática das mulheres no espaço público e no debate teórico como sujeitos de enunciação 3.1. A situação das mulheres-filósofas no mundo contemporâneo: questões e percursos 3.2. Em busca de uma epistemologia da racionalidade fecunda para os Estudos Feministas 3.3. Ganhar o espaço público: o sentido fundador da obra de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo 3.4. A dificuldade de questionar os cânones: Luce Irigaray e a fundação do ‘pensamento da diferença sexual’ 3.5. As filósofas contemporâneas e o questionamento das perspetivas tradicionais sobre a ética
BIBLIOGRAFIA
A AUTORA
Fernanda Henriques é Professora Emérita da Universidade de Évora e Doutorada em Filosofia, na área da Filosofia Contemporânea. Foi membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Pertenceu à direção da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres e foi cofundadora da Associação Portuguesa de Teologias Feministas. Tem publicado nas áreas da Filosofia Hermenêutica e dos Estudos sobre as Mulheres, no país e no estrangeiro. ¶ Últimas publicações: 2016 – Marginalidade e Alternativa: vinte e seis FILÓSOFAS para o século XXI, (Co-edição); Feminist Explorations of Paul Ricoeur’s Philosophy, (co-edição). 2015 – “Philosophie et literature chez Paul Ricoeur: une réponse aux limites de la rationalité”. Kant – un des «proches» de Paul Ricoeur – et le poids de son héritage dans la rationalité herméneutique ricoeurienne”. 2013 – Études Ricoeuriennes /Ricoeur Studies, v. 4, n.º 1. Revista Internacional eletrónica, (editora).
Detalhes:
Ano: 2016
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 258
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-612-6
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