Recomendar livro a um amigo
|
Sinopse:
Por razões sentimentais e políticas, Mariana sai de Portugal antes de 1974, mas as saudades fazem-na voltar em meados da década de 1990. Porém, contraria¬mente às suas espectativas nostálgicas, encontra um país que ela não recorda, os seus antigos amigos ficaram irreconhecíveis e até a linguagem do dia-a-dia mudou; e, para lá disso, os lugares por onde andou e as experiências que teve também a transformaram, e ela admite: “não sou nem voltarei a ser jamais a outra, a que partiu”. Todas essas alterações tornam-na numa foras¬teira na sua terra, e as diferenças fazem-na sentir-se tão apátrida que chega a perguntar-se “ao emigrar do país, terei emigrado de mim?” ¶¶ É desse choque cultural entre passado e presente, entre saudade e realidade que o romance fala. Além de tratar também do preconceito etário no relacionamento romântico entre géneros: ela, que penara por amor, numa ligação com um homem mais velho (aliança socialmente aceitável como normal) e daqui se exilara, sua única e legítima defesa para resistir à infelicidade, ao regressar, apaixona-se por um homem mais novo do que ela (união mal vista e considerada aberrante), e é ele que a ajuda a situar-se na verdade de quem é, e a vencer convencionalismos de que ela, que se pensava livre, vivida e sofisticada, julgava não sofrer. *********************************************************
"Sou Mariana e após viver em muitas latitudes, longitudes e vários continentes, de variados climas, culturas, línguas, moedas, gastronomias, costumes, crenças, tradições, pela razão daquela carência a que nós chamamos saudade e tanto nos dói, resolvi regressar às origens. Como se isso fosse possível!
Afinal vim para um país desconhecido, completamente alterado e com uma mentalidade diferente da que eu aprendera, onde passei a ser vista como estrangeirada e a sentir-me forasteira, e pior, expatriada na minha pátria, por pensar de outro modo e ter visto, experimentado, acreditado e desejado coisas diversas. Só regressam mesmo os que nunca chegaram a partir, aqueles
que, mesmo que aparentemente se tenham deslocado, afinal não abalaram, por terem permanecido atrelados ao local donde provieram, que carregam na bagagem juntamente com as suas
tralhas: concluí que não há regressos, apenas novas chegadas."
Índice:
1 – Reencontros: quem te viu e quem te vê 2 – No rescaldo da memória 3 – Casas, casinhotas, casotas e quejandas 4 – Tudo muito bem espiolhado 5 – Desaparafusada e de novo lisboeta 6 – Mudança e renascimento 7 – Telefone, a presença das ausências 8 – Tango argentino calmoso, mas emoções com ventos instáveis 9 – Possuídos pelo supérfluo que possuímos, no país beijoqueiro 10 – Entrevista de emprego sem berbicachos, nem compadrios ou cunhas 11 – The house-warming party com confidências e hipocrisias na ementa 12 – O dia seguinte: linguados fritos em Cascais e correrias cruas no Guincho 13 – A cara da mãe no espelho 14 – O primeiro dia de trabalho a correr sobre rodas 15 – Palavras e sentimentos obsoletos e fados cada vez mais atuais 16 – É que ela não aguentava mais e só lhe apetecia desaparecer 17 – Funeral e sexo, ou a vitória da vida 18 – Por uma unha negra de ser atropelada e almoço a três por um triz 19 – Visita de Lúcia, inesperada, e de Pedro, a despropósito 20 – Rosas amarelas para desfazer mal-entendidos incolores 21 – Passeio a Sintra, ou o sentido das coisas sem sentido 22 – Jantar no Gôndola, com despeito à sobremesa 23 – Viagem ao Algarve e acidente na 125 24 – Medos, mitos, memórias e decisões na praia noturna Postfatio
A AUTORA:
Maria do Vale Cartaxo, nascida em Portimão, menina e moça partiu de casa de seus pais para estudar no liceu de Faro e na universidade de Lisboa, e logo sentiu o anseio de sair do lar pátrio e ir mais longe – não se contentando com pouco, deu a volta ao mundo e navegou pelos oceanos Atlântico, Índico, Pacífico e outros mares. Fazendo toda a rota marítima dos antepassados descobridores, contornou o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança, com paragens no Senegal, África do Sul e Quénia, aportou em Bombaim, ancorou no Ceilão, arribou em Ma¬laca, navegou até Macau, viajou por Taiwan e desembarcou em Nagasaki, no Japão. ¶¶ Sobre duas rodas, cavalgando uma mota com o seu marido Christopher Gosden, um inglês também sedento de aventura, percorreu milhares de quilómetros desde Singapura, através da Malásia e da Tailândia, até ao Laos e Camboja. Posteriormente, viveram e viajaram por terra durante um ano e meio, numa pequena caravana “pão de forma” VW, por todo o continente americano, desde o Canadá ao Chile, cruzaram a Argentina e fixaram-se no Brasil. ¶¶ Para lá de todos os lugares que conheceu em quatro continentes, dos Alpes aos Andes, dos glaciares canadianos ao deserto de Atacama e à floresta amazónica, a autora morou em Salzburg, Colombo, Bangkok, Hong Kong, Tóquio, Por¬to Alegre e Rio de Janeiro, onde trabalhou em missões diplomáticas, empresas multinacionais, escolas e como tradutora free-lance. ¶¶ Depois de regressar à sua terra, passou a residir perto de Alvor, com vista para o mar que tanto ama. ¶¶ Foi a primeira agraciada com o Prémio Manuel Teixeira Gomes, instituído pela Câmara de Portimão, em 1999, com o conto A viagem e depois disso foi também premiada em 2002 com a novela O legado de Mrs. Baker e, em 2006, com o conto O sétimo dia. Publicou ainda os romances Três diários de bordo em rota de naufrágio, em 2003, e O dia não, em 2008.
Detalhes:
Ano: 2017
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 258
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-646-1
|