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Sinopse:
“Existe na nossa civilização um preconceito e um juízo comum, de que a homossexualidade é imoral, e de que, portanto, deve ser combatida e extirpada. ¶ Proponho-me demonstrar que esse preconceito é injusto, que a homossexualidade não é imoral, e que, portanto, não há mister que se combata, ou que se promova a sua extirpação. ¶ Demonstrarei, por fim, qual a origem deste preconceito falso. ¶ (…) Demonstraremos, primeiro, que a homossexualidade não é contra a Natureza. Isto é, demonstraremos que é natural no estádio evolutivo em relação ao qual a consideramos, isto é, no estádio evolutivo presente da humanidade. Não nos referimos a estádio evolutivo social só; reportamo-nos às sociedades civilizadas em geral, e não a umas em particular, espécie esta de género. ¶ Proponho-me demonstrar que a homossexualidade não é imoral à luz de nenhum conceito que cientificamente se possa fazer da moralidade. Demonstrando isso, quedará demonstrado que, guardadas certas reservas que adiante se especificarão, a expressão literária e artística da homossexualidade também não é imoral. ¶ E o corolário natural é que nada há que moralizar, onde nada há de imoral.” ¶¶ (Fernando Pessoa, espólio da Biblioteca Nacional, 55 D – 21, 32, 3)
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Este livro reúne os muitos textos em poesia e em prosa, nos quais Fernando Pessoa exprime sentimentos homoeróticos, ou nos quais aborda o tema da homossexualidade, de forma explícita ou implícita, que se encontram dispersos ao longo da vasta obra de Fernando Pessoa, e que foram publicados até hoje. Encontram-se reunidos neste livro por vários tipos de texto, e por diferentes temas. Este livro inclui também o tema da dualidade da identidade de género, que é exprimida em alguns dos textos de Fernando Pessoa, que este associa também por vezes à homossexualidade, e inclui ainda os textos onde Fernando Pessoa exprime o seu desdém pelas mulheres, sob o ponto de vista afetivo. Grande parte destes textos são pouco conhecidos, e muitos têm determinados pormenores que passam geralmente despercebidos, para os quais chamamos a atenção em notas de rodapé. Este livro contém também alguns textos inéditos.
Índice:
PREFÁCIO – Os conceitos de homossexualidade e homoerotismo – A arte e a literatura homoerótica – Atitudes sobre a sexualidade e o amor em Fernando Pessoa – O equívoco em relação a Ofélia Queiroz – A atitude de Fernando Pessoa em relação à homossexualidade e ao homoerotismo – A crítica e o desprezo de Fernando Pessoa em relação ao casamento – A aversão de Fernando Pessoa em relação às mulheres – O problema da identidade de género na obra de Fernando Pessoa e a sua relação com a homossexualidade – O caso de Mário de Sá Carneiro – Organização da presente obra e seus critérios
ORTÓNIMO POESIA – Separado de ti, tesouro do meu coração – Em busca da beleza – Ad Voluptatem – Beber a tua alma na taça do teu corpo – Conselhos – Feliz só aquele – Soneto positivo – A uma estátua – A vida de Arthur Rimbaud – Para alguém que canta – Sonhador de sonhos – Os lagos – O outro amor – Livro do outro amor – As águas geladas do Nilo – Oração (súplica) aos novos deuses – Amem outros a graça feminina – O guerreiro – O cavaleiro – Fito-me frente a frente – Antínoo – Le Mignon – O céu é uma grande turquesa a brilhar – Ó dia pesado, que nasce assim a brilhar – O que fizeram da tua beleza – Meu coração é triste – Escrevo à tua memória, amor – O senhor alado – Meu coração é uma princesa morta – Da tarde morna estagna o morto voo – Assim confuso no teu ser-não-ser – Tudo quanto é beleza tu conténs – A Natureza deu-te aquela cor – Juliano em Antioquia (I) – Juliano em Antioquia (II) – Sei que desprezarias não somente – Longe da turba e das espadas – Adeus – Encantamento – À la manière de António Botto – Ó curva do horizonte – Horae Subcessivae – Como alguém que conserva na memória – Sim, poderia ser… – Converso às vezes comigo – Emerjo, vago, dum dormir profundo – Morreu. Coitado ou coitada! – Na rua do volta-atrás – É um canto amargo de moço – Mas o hóspede inconvidado – Cai chuva do céu cinzento – Deus te livre de estar onde estás – Diz o jornal que ontem morreste – Minha Vida tem sido – Vem beber dois – Durmo ou não? – Ó vento, evocas montanhas – Os dois do lugar – Eros e Psique – Quando se está cansado Homossexualidade e Homoerotismo em Fernando Pessoa 7 – Briareu – Decadência – Sá Carneiro – Ao luar dos mortos na paisagem gelo – Sob o luar – Balada do último romântico – O penúltimo romântico
CONTOS E OUTROS TEXTOS DE FICÇÃO – O professor William K. Jinks – Diálogo no Jardim do Palácio – Mensagem de mulher para mulher – Elogio do charlatão – Marcos Alves – O Dr. Cerdeira – Narrativa do Cerdeira – O Caso do professor de Ciências – A alma do assassino – Diálogo com um contabilista – Às vezes em sonhos distraídos – Agi sempre para dentro – O eremita da serra negra – A perversão do longe – Carta inorgânica do Estado independente do Bugio – Jacob Dermot – As cousas – Os emigrantes
TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS – Não encontro dificuldade em definir-me – Não tenho ninguém em quem confiar – Havia em mim uma forte atração por todas as coisas censuráveis – Diário
TEXTOS MEDIÚNICOS – Porque quero falar contigo – Nenhum homem é mais tolerante do que eu – Nenhum homem é homem se não agir por motivos ligados à sociedade – Dá-me as tuas ordens – Não deves ter medo – Em 1917 entrarás na fama – Mulheres e rapazes – As luxúrias nunca semeiam aspirações sãs – Um homem informará outro da tua aversão pelas mulheres
TEXTOS ASTROLÓGICOS – Sobre o horóscopo de Óscar Wilde – Sobre o horóscopo de Raúl Leal
CORRESPONDÊNCIA – Carta a João Gaspar Simões (carta I) – Carta a João Gaspar Simões (carta II) – Carta a Armando Côrtes Rodrigues (carta I) – Carta a Armando Côrtes Rodrigues (carta II) – Carta a Mário de Sá Carneiro – Carta a António Botto – Carta a Adriano del Valle – Carta a Tomás Ribeiro Colaço – Carta a José Pacheco – Carta a John Lane – Carta a Frank Palmer – Carta à Mandrake Press
TEXTOS SOBRE ARTE E LITERATURA – Elogio dos castos, dos pederastas, e dos masturbadores – A arte e a sensualidade – A genialidade – Correntes literárias e decadentismo – Degenerescência e literatura – O poema Antínoo – Prefácio para uma edição de poemas – A imoralidade das biografias – A verdade acerca de homens como Shaw – William Shakespeare – William Blake – Percy Shelley – Giacomo Leopardi – Charles Dickens – Óscar Wilde – Vitoriano Braga
TEXTOS SOBRE AS MULHERES – Porque é que as mulheres se detestam tanto umas às outras? – Só o homem pode ser casto – Coisas pensadas durante a noite de 2 para 3 de Fevereiro de 1917 – Fragmentos diversos sobre as mulheres
TEXTOS SOBRE ANTÓNIO BOTTO E RAUL LEAL – António Botto e o ideal estético em Portugal – Protesto pela apreensão das Canções – Sobre um manifesto de estudantes – Sobre a apreensão das obras de António Botto e Raul Leal – António Botto e a estética decadente – António Botto e o ideal estético criador – António Botto e a forma artística do ideal estético – Prefácio a Motivos de beleza – Sobre a novela António (texto I) – Sobre a novela António (texto II) – Sobre a novela António (texto III) – Entrevista com António Botto – Prefácio à tradução inglesa das Canções – Como Fernando Pessoa vê António Botto – Tudo o que António Botto escreveu em prosa
TEXTOS E FRAGMENTOS GENÉRICOS – O conceito de homossexualidade – Proponho-me demonstrar que a homossexualidade não é imoral (texto I) – Proponho-me demonstrar que a homossexualidade não é imoral (texto II) – Proponho-me demonstrar que a homossexualidade não é imoral (texto III) – As repugnâncias instintivas – Requinte – Sobre a necessidade de criar lupanares masculinos – O ideal grego e romano – O sátiro – Um puro amor – Uma alemão – Notas – O casamento
LISTAS DE PROJETOS – Crónicas anormais – Decadência – Cancioneiro – Episódios – Teatro Estático – Panfletos e Opúsculos – Orfeu 3 – Projeto sem título (I) – Projeto sem título (II) – Projeto sem título (III)
POEMAS TRADUZIDOS E RECRIADOS – Canção – Hino a Pã
HETERÓNIMOS PRINCIPAIS ÁLVARO DE CAMPOS POESIA – Ode Triunfal – Ode Marítima – Saudação a Walt Whitman (texto I) – Saudação a Walt Whitman (texto II) – Saudação a Walt Whitman (texto III) – Soneto já antigo – A passagem das horas – Meu amor perdido – Lisbon revisited – P-HÁ – A rapariga inglesa – Poema em linha reta – Penso em ti no silêncio da noite – Saí do comboio – O ritmismo estático
PROSA – A arte é a eliminação de um excesso de sensibilidade – Álvaro de Campos escreve à Contemporânea – Aviso por causa da moral (texto I) – Aviso por causa da moral (texto II) – Resposta a um inquérito do jornal A Informação – Álvaro de Campos critica Ofélia Queiroz – Não sei quem foi a mulher que teve o descaramento – Notas para a recordação do meu Mestre Caeiro – As figuras de amadas, que aliás não existem, como figuras – Mas a sensibilidade do nosso Ricardo Reis é estrondosamente reumática – O nosso Ricardo Reis teve uma inspiração feliz
RICARDO REIS POESIA – Neste dia em que os campos são de Apolo – Coroai-me de rosas – As rosas amo do jardim de Adónis – Não pra mim, mas pra ti teço as grinaldas – A flor que és, não a que dás, eu quero – A flor que és, não a que dás, desejo – Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro – Nem da erva humilde se o Destino esquece – Eu nunca fui dos que a um sexo o outro – Sem clepsidra ou relógio o tempo escorre
PROSA – A moderna literatura é uma literatura de masturbadores – O regresso dos deuses
BERNARDO SOARES – Príncipes encantados – A personagem individual e imponente – O mesmo sexo que não existe – Obedeça à Gramática quem não sabe pensar o que sente – Eu nunca fiz senão sonhar – Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam, e nunca reconhecem quando encontram – A mulher que sou quando me conheço – Irmãos na comum insciência – Não me deram a rainha, culpando-me de a não ter – Fui o pajem de alamedas insuficientes – Sonhar que sou o homem e a mulher – Credo, ideal, mulher ou profissão – Pobres diabos sempre com fome – A maioria dos homens vive uma vida fictícia – O moço do escritório – Que nenhum beijo de mulher – Um dia (zig-zag) – Glorificação das estéreis – Isso não é o meu amor, é apenas a sua vida – Não amamos, senão que fingimos amar – Nunca deixo saber aos meus sentimentos o que lhes vou fazer sentir – Outrora eu fui tua princesa – Falar é ter demasiada consideração pelos outros – Declaração de diferença – Na Floresta do Alheamento – Nossa Senhora do silêncio – O homem – A coroada de rosas
OUTROS HETERÓNIMOS FREI MAURICE – Porque sou tão infeliz?
JOAQUIM MOURA COSTA – Um serralheiro chamado Fialho
VICENTE GUEDES – Página do Diário
JEAN SEUL – A França em 1950
ANTÓNIO MORA – As nossas perpétuas mentiras, as nossas hipocrisias
BARÃO DE TEIVE – Aquele tempo perdido em analisar o que nunca se chegou a passar
MARIA JOSÉ – Carta da corcunda para o serralheiro
THOMAS CROSSE – Sobre Álvaro de Campos
HETERÓNIMOS E PERSONAGENS NÃO IDENTIFICADOS – Formato género “Povo de Aveiro” – Contra a revista Orpheu – O Catolicismo Imoral – Conselhos artísticos, sociais, e individuais – A Confissão de Lúcio
BIBLIOGRAFIA
ORGANIZADOR:
Victor Correia frequentou a Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma (formação em Filosofia). Frequentou também o curso de piano, durante alguns anos. Concluiu a licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é pós-graduado em Formação Educacional, na mesma Faculdade, e tem o Mestrado em Estética e Filosofia da Arte, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (formações obtidas antes do Processo de Bolonha). É doutorado em Filosofia Política e Jurídica, na Universidade da Sorbonne, em Paris. É pós-doutorado em Ética e Filosofia Política, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem exercido funções de docência na sua área de formação, e tem organizado e apresentado palestras em várias conferências. É membro de algumas associações científicas e culturais. Tem publicado diversos artigos em jornais, e em revistas nacionais e internacionais. Tem também alguns livros publicados.
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 488
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-707-9
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