O Marinheiro de Fernando Pessoa
Heranças Clássicas no “Drama Estático”
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Sinopse:
Toda pátria, hoje sei, é também uma espécie disfarçada de argonauta. Como todo navio hasteia pelas vagas o sabor pátrio da sua bandeira. Como Odisseu não cessou de buscar regresso até sua Ítaca; como Eneias errou pelos mares até cumprir seu destino de fundar como Roma sua nova Tróia; como Vasco da Gama navegou para além da Taprobana que era o limite conhecido também das nossas almas; como o marinheiro da peça de Pessoa é modo de recriação onírica de uma nação em vias de se refundar, por sermos todos, ante a perspectiva da morte, pátrias inteiras sempre em busca de ressurreição na esperança baldada de compreender algo sobre o porquê de cá estarmos antes do naufrágio; como cruzei anônimo o Atlântico, também em busca de orientes, na terra de Amália – que também esta cumpriu Portugal, não num idealizado Quinto Império, mas na sua maneira concreta e eterna de fundir à voz o sentir profundo do seu povo, “que lava no rio”. Povo do qual Camões e Pessoa fazem parte soberanamente. E também lavam. Assim como a cada renascimento de nós, pomo-nos a velar nossos simbolismos já defuntos, e a velejar por pátrias totalmente reinauguradas após ganharmos e perdermos guerras – assim também se deu este livro. ¶¶¶ Sair do meu país para achar cá também a minha raiz é o mesmo que navegar do estatismo para o centro tectônico do movimento. 1755 particular. Do acomodado para o felizmente incomodado que me abala a cada dia as certezas e treina, com sismos, meu eixo de equilíbrio. Pelos conceitos de drama e páthos, tragicidade clássica e moderna, estático e extático e pela tensão vibrante gerada pela inevitabilidade de perguntas irrespondíveis – perguntas sagradamente malditas do Homem desde que sua consciência de si próprio fê-lo digno desse estatuto –, pude mergulhar como em tempos sonhava ter ensejo de fazer na homérica e “supracamoniana” obra desta pedra de Lisboa que foi e segue sendo Fernando Pessoa.
Índice:
Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar. Depois abri o mar com as mãos para o meu sonho naufragar. […] Debaixo d’água vai morrendo o meu sonho vai morrendo dentro do navio. Chorarei quanto for preciso para fazer com que o mar cresça e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. (Trecho do Fado “Naufrágio”, de Cecília Meireles e Alain Oulman)
Prólogo
Introdução
1 Primeiro ato: O marinheiro: gênese. 1.1 O programa estético da revista Orpheu: continuidade e inovação 1.2 O marinheiro: singularidades.
2 Segundo ato: O marinheiro: a “cinética” pessoana (noite e mar como tempo e espaço) 2.1 O corpo clássico (Ricardo Reis). 2.2 O corpo andante (Alberto Caeiro). 2.3 O corpo extático (Álvaro de Campos). 2.4 O corpo estático (O marinheiro)
3 Terceiro ato: Elementos classicizantes n’O marinheiro: reminiscências e ecos trágicos.
4 Epílogo
5 Referências bibliográficas: 5.1 Obras de Fernando Pessoa 5.2 Bibliografia geral 5.3 Sitiografia 5.4 DVDs e CDs 5.5 Artigos publicados e teses acadêmicas do autor desta dissertação
Anexos
Apêndices
Agradecimentos
O AUTOR:
THIAGO SOGAYAR BECHARA (1987-). Brasileiro de nascença e lisboeta de alma, Thiago estreou-se em livro aos quinze anos e esta é sua 13.ª “obra- solo”. Trafegando por distintos gêneros, lançou em 2018 o livro-catálogo de fotos e poemas Portugal: à luz das origens que integrou a exposição fotográfica itinerante fomentada pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Jornalista Cultural, foi apresentador e assessor de imprensa; é Mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a tese que ora se edita, e doutorando em Estudos Portugueses e Românicos pela mesma instituição, com investigação sobre as marcas clássicas e trágicas na lírica do Fado, além de cantá-lo em retiros típicos amadoramente, tendo privado da amizade de personalidades como a fadista Celeste Rodrigues, para quem compôs a convite da própria. Em 2014, integrou o grupo de investigações dramatúrgicas fundado pela atriz brasileira Regina Duarte, e em 2015 falou mais alto seu amor por Lisboa, onde vive desde então. [www.thiagobechara.com.br]
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 200
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-800-7
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