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Sinopse:
Este livro explora as vicissitudes e os paradoxos do colonialismo em Moçambique. O autor parte do pressuposto de que o colonialismo funciona como um sistema de práticas e representações e, como tal, pode ser analisado como cultura. Para estudá-lo da mesma maneira que os antropólogos estudam uma determinada cultura, é preciso investigar o que pensam – e o que fazem – os “nativos” que conferem sentido a essa cultura: juristas, administradores, militares e governadores coloniais. Apesar de pertencer ao passado, o paradoxo colonial continua interpelando-nos sob as mais variadas roupagens. Em que campo de batalhas, reais ou imaginárias, reside a sua actualidade e a sua resiliência? “A invenção do assimilado” busca, à sua maneira, responder esse interrogante.
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Lorenzo Macagno estabelece um diálogo profícuo e bem--sucedido entre a história e a antropologia. Ao abandonar a tese clássica que opõe a política oficial de assimilação à política concreta de discriminação, demonstra como uma não podia existir sem a outra, tanto na produção do pensamento colonial como na sua aplicação prática. Além disso, o autor analisa a evolução deste pensamento desde os homens da Geração de 1895, passando pelo Estado Novo, até aos novos teóricos da nação “una”, multirracial e pluricontinental, do final do período colonial. Este livro terá uma utilidade óbvia para os estudantes de História da África e da História Colonial, mas também para quem se interessa pela história da ideia nacional em Portugal. [Michel Cahen, Université de Bordeaux, CNRS/Sciences Po Bordeaux, Les Afriques dans le Monde (LAM).]
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Esta obra é uma análise crítica da história do assimilacionismo na política africanista portuguesa no período que vai dos finais do século XIX, com a geração de António Enes, à segunda metade do século XX, quando o tema é relançado por Adriano Moreira e Gilberto Freyre; e, mais tarde ainda, após a Independência, quando ele é revisitado no discurso revolucionário de Samora Machel, para quem o tema da assimilação era uma questão de natureza pessoal. Um dos aspetos mais inovadores da presente obra é a atenção dedicada ao modo como a antropologia se foi relacionando com o processo de evolução ideológica do colonialismo africanista português.
[João de Pina-Cabral, Escola de Antropologia e Conservação, Universidade de Kent; Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa.]
Índice:
AGRADECIMENTOS SIGLAS PREFÁCIO
INTRODUÇÃO: COLONIALISMO COMO CULTURA Um excepcionalismo português? Usos e costumes do colonialismo Nota sobre a bibliografia
1 – ASSIMILACIONISMO DESCENTRALIZADOR: O INDÍGENA DOMESTICADO A Geração de 95 As guerras de ocupação Enes e a descentralização Igualar os homens, depois a lei Educar corpos para o trabalho O desafio missionário Digressão: assimilação e antropofagia
2 – ASSIMILACIONISMO E ESTADO NOVO: O INDÍGENA TOLERADO O Estado Novo O Acto Colonial O pensamento colonial de Marcelo Caetano A persistência da tutela Um colonialismo “primitivo”? Catolizar para assimilar Fragilidades da assimilação
3 – ASSIMILACIONISMO COMO GESTALT: O INDÍGENA IMAGINADO A produção simbólica dos usos e costumes Um passado para a Nação portuguesa Luso tropicalismo e colonialismo português Um debate sobre trabalho indígena Assimilação/segregação: a Gestalt do colonialismo
4 – ASSIMILACIONISMO E ANTROPOLOGIA: O INDÍGENA OBSERVADO O jurista antropólogo Assimilação evolutiva e assimilação legal Uma categoria intermediária: o evoluído Antropologia aplicada nas vésperas da luta armada 1961, o ano zero da descolonização Spínola e a razão cultural Do assimilado ao Homem Novo?
CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
AUTOR:
LORENZO MACAGNO é professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Brasil, e investigador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Publicou os seguintes livros: Apocalipsis al sur. Una protesta contra inmigrantes en el 'desierto' argentino, Buenos Aires: Biblos (2002); Outros muçulmanos. Islão e narrativas coloniais, Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais (2006) e O dilema multicultural, Curitiba; Rio de Janeiro: Editora UFPR; GRAPHIA Editorial (2014), também publicado em árabe ددعتلا ةلضعم يفاقثلا em 2017, pelo Instituto de Estudos Hispano-Lusófonos da Universidade Mohamed V, Rabat, Marrocos. Foi, também, membro da Diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), entre 2017 e 2018.
Detalhes:
Ano: 2020
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 220
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899431
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