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Sinopse:
Caro Christopher, Respondo à sua questão: “Como ser docente, noutras palavras, um agente assíduo da Escola, e, contudo, ensinar a amar a vida?”, perguntando “Como ser docente, e não ensinar a amar a vida?” Parece-me que não existe uma coisa sem a outra. Ser um agente assíduo da Escola e compartilhar o cenário com tanta juventude e não exemplificar o amor pela vida, pelo conhecimento e pelo outro, é, a meu ver, impossível. É claro que, na Escola, tal como na vida, existem momentos bons e outros nem tanto assim, mas é isso que nos faz amar a vida e ter vontade de a partilhar com os outros. É também assim, que, quanto a mim, deve ser a sala de aula – um espaço de partilha – de conhecimento, mas também das nossas vivências e ansiedades diárias. Considero, inclusivamente, que o desejo de conhecimento (desire to know) surge muitas vezes nesses e desses momentos de partilha, como se fossem lufadas de ar fresco, que docemente permeiam as paredes muitas vezes carregadas da sala de aula.
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Caro João, Para o docente, a humanidade que o rodeia constitui um desafio ininterrupto, uma convocação sem prazo e um convite sem fim para crescer mais. Constitui, no fundo, uma enormidade a todos os níveis. (Ainda bem.) O docente é aprendiz desta humanidade que o rodeia e desafia diariamente; que lhe ilumina os caminhos ainda por conhecer e aprofundar; que, magnificamente, lhe impossibilita a arrogância, a atitude dogmática e a impermeabilidade perante a vida, e que afasta dele a tentação da biofobia e a sedução dos discursos ditos finais, ou absolutos, ou verdadeiros.
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Desde o início das nossas frequentes tertúlias informais em torno de questões de pedagogia, apercebemo-nos da afinidade despretensiosa, irmandade discreta e parentesco conceptual entre a nossa maneira de pensar a docência e a pedagogia crítica desenvolvida pelo autor de Pedagogia do Oprimido. Pressentimos então que poderíamos crescer enquanto seres humanos e enquanto docentes mediante uma reflexão cada vez mais atenta à sua visão e prática pedagógicas a partir, e ao ritmo, das nossas próprias experiências pedagógicas. Assim fizemos. Sem nunca nos cansarmos. (…)
Índice:
(11-15) Freireando: Dois Docentes, Vinte Cartas, uma Visão Sincopada (17-18) Breve Nota de Esclarecimento Autobiografia de uma Sala de Aula. Entre Ítaca e Babel com Paulo Freire (21-22) CARTA DE ABERTURA A caminho de Ítaca [na Estação], Outubro… (Em torno do “Esclarecimento” de Paulo Freire, Educação como Prática da Liberdade) (23-24) SEGUNDA CARTA A caminho de Ítaca [em casa, à noite], Outubro… (25-27) TERCEIRA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Novembro… (…tratar o universo por «tu»…) (29-31) QUARTA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Novembro… (Em torno da humanização apesar da crescente industrialização da consciência) (33-37) QUINTA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Dezembro… (A caminho da Torre de Babel pela mão da música, da poesia e da pedagogia) (39-41) SEXTA CARTA A caminho de Ítaca [exausto], Janeiro… (43-47) SÉTIMA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Fevereiro… (Nunca esqueceremos o poder desses shining eyes que evocas.) (49-51) OITAVA CARTA A caminho de Ítaca [depois da pausa para descanso], Março… (Em torno das “grades-dogma”) (53-55) NONA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Março… (Contra a biofobia e contra a Engrenagem) 10 (57-59) DÉCIMA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Abril… (Elogio do desassossego) (61-63) DÉCIMA-PRIMEIRA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Abril… (Um pequeno manifesto face aos “dark times” referidos por Henry A. Giroux, que cita Hannah Arendt, patente na carta anterior.) (65) DÉCIMA-SEGUNDA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Abril… (Uma pergunta intempestiva) (67-70) DÉCIMA-TERCEIRA CARTA A caminho de Ítaca [esperançoso], Maio… (Em torno da “bestialização política do humano”) (71-74) DÉCIMA-QUARTA CARTA A caminho de Ítaca [numa paragem para o pequeno almoço], Junho… (75-78) DÉCIMA-QUINTA CARTA A caminho de Ítaca [apaixonado pela “arte da possibilidade”], Outubro… (Inspirado na prática “dar um 20” de Benjamin Zander e na sua magnífica TED Talk “O poder transformador da música clássica”) (79-82) DÉCIMA-SEXTA CARTA A caminho de Ítaca [“Aos ombros” de maestros], Outubro… (83-88) DÉCIMA-SÉTIMA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Novembro… (Elogio dos intervalos e, ainda, uma provocação) (89-91) DÉCIMA-OITAVA CARTA A caminho de Ítaca [no “Ventre da Besta”], Novembro... (Em jeito de manifesto) (93-96) DÉCIMA-NONA CARTA Babel, Portugal, Mundo/Dezembro… (Elogio dos fins e dos começos) (97-100) VIGÉSIMA CARTA (Ainda) a caminho de Ítaca, Dezembro... (Agradecimento)
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OS AUTORES:
CHRISTOPHER DAMIEN AURETTA doutorou-se pela Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, EUA. Lecciona na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, onde organiza seminários em Pensamento Contemporâneo e na área de Ciência e Literatura, focando, sobretudo, exemplos da representação estética da modernidade técnico-científica. Publicações recentes incluem Cem dias à sombra da Torre de Babel, Novas crónicas pedagógicas; Em torno do pensar na Torre de Babel do Século XXI (micro-ensaios e afins); Ten Essays; Thinking in Babel (poesia); Elogio do Intervalo, Um docente à janela do século XXI; Cine(gra)mas, Entre a Escrita e o Ecrã; Missivas da Noosfera e A Mala Anarquista.
JOÃO RODRIGO SIMÕES é licenciado em Matemática pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa e detentor de um Diploma de Estudos Avançados em Matemática pela mesma Faculdade. É Professor de Matemática no Ensino Secundário no Colégio Campo de Flores e tem colaborado com a FCT NOVA nos Seminários em Pensamento Contemporâneo organizados pelo Professor Doutor Christopher Damien Auretta e como docente convidado do Departamento de Matemática. Paralelamente, sob o pseudónimo Beto Betuk, é percussionista e compositor, tendo colaborado e gravado com vários artistas nacionais e internacionais, tais como, Dulce Pontes, Estrella Morente, Anna Maria Jopek, Philip Hamilton, Paulo de Carvalho, Fernando Girão, Sara Tavares, Tito Paris, Ivan Lins, entre outros. Tem ainda editados os seguintes álbuns a solo: “Encontros” (2005); “Memórias da Terra Quente” (2007); “Catavento” (2010); “Paisagem” (2012). É também membro dos órgãos sociais da Gestão dos Direitos dos Artistas (GDA)
Detalhes:
Ano: 2020
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 102
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899608
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