João Machado é transmontano, nasceu nas Minas de Jales, concelho de Vila Pouca de Aguiar, numa família de 8 irmãos. Concluiu a licenciatura em Medicina em 1981, ano da eclosão da infeção por VIH/ /SIDA. Foi chefe de serviço de Medicina interna e graduado de Doenças Infecciosas no Hospital de Curry Cabral, onde trabalhou de 1982 a 2017, tendo também sido Diretor de Serviço de Urgência (2003-2006), Diretor Clínico (2010-2011) e consultor na Transplantação Hepática (2012-2017). Está desde 2017 no Hospital Fernando Fonseca, atualmente na Direção do Serviço de Urgência. Tem 3 filhos.
Tributo aos Doentes com VIH/SIDA do Hospital de Curry Cabral
O preço original era: 12,00 €.10,80 €O preço atual é: 10,80 €.
No 40.º aniversário da epidemia por VIH/ /SIDA e com a pandemia por COVID-19 com actividade mais reduzida, mas ainda incerta, também posso dizer, como Donald Kotler, gastroenterologista de Nova Iorque: “talvez, apenas tive o azar de ter que encarar os portões do inferno duas vezes na carreira”. Não hão-de deixar de se acumular análises e testemunhos sobre a actual pandemia por COVID-19, a qual, infelizmente, polarizada pela rivalidade geopolítica, desencadeou um impacto brutal na economia e uma disrupção sem paralelo nas estruturas de saúde.
A epidemia por VIH/SIDA, da qual fomos testemunhas, ocorreu igualmente à escala planetária – atingiu 60 milhões de indivíduos, desde o seu início, e, até ao final de 2019, já tirou a vida a mais de 32 milhões de pessoas, em todo o mundo – mas teve características muito diferentes. Na 1.ª década, foi devastadora. Suscitou muitos medos e teve muitos culpados estapafúrdios. Na sua maioria, foram doentes mais jovens os mais atingidos. Os primeiros anos da epidemia por VIH/SIDA e os que se seguiram foram de intenso envolvimento com doentes portadores duma doença completamente nova, da qual fomos testemunhas e com a qual tivemos de aprender e de crescer. Quando olho para trás e revisito os anos amargos da primeira década, sinto que, apesar dos medos, fomos fiéis ao juramento de Hipócrates, procurando acolher e tratar os doentes com a preocupação prioritária de evitar a sua discriminação. Contrariámos muitos sentimentos de hostilidade contra os doentes, elegendo como alvo, desde muito cedo, os comportamentos de risco e abolindo o estigma de grupos de risco.
A primeira década foi muito dura. Os nossos doentes eram um “gueto”, as opções terapêuticas escassas ou nenhumas. (…) Não tínhamos acesso a material descartável, e as seringas e as agulhas que utilizávamos eram esterilizadas em panelas de água a ferver, aquecidas por bico de Bunsen”. (…) Éramos apenas médicos em graus diferentes da carreira. (…) Diariamente, havia muita urticária para com os comportamentos de risco! Mas havia também perseverança e humanismo.
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