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Sinopse:
Quando chegou a hora, por volta das 5h00, ouvimos o primeiro tiro que nos despertou do sono, [...]. O papá sossegou-nos dizendo que se tratava dos homens da patrulha, uma vez que sempre ao recolher da vigia tinham o hábito de disparar. Era o começo. Daí em diante, sucessivos disparos alvejavam, estrondeavam e estremeciam a terra, os seres vivos e os não vivos, naturais e artificiais. [...] O ataque aconteceu num dia com um clima normal. Não havia nuvens nem chuva. A temperatura e a ventania eram normais. Mas o dia ia a tornar-se escuro devido ao fumo das armas. Tudo era iluminado pelas próprias balas disparadas que até se embatiam em busca das pessoas. As árvores, as casas e as próprias pessoas eram derrubadas. Parecia um dia de grandes ciclones." (pp. 49-50).
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“Hassane Armando é um daqueles jovens que foi vítima da história do seu próprio país. Viveu uma infância marcada pelos piores traumas que uma criança da sua idade podia passar: grandes incertezas, insegurança generalizada e riscos até da sua própria vida. Mas, nem com isso perdeu a coragem e soube dar sentido a sua vida. Ele soube inverter com sucesso a sua posição de vítima para sujeito da historicidade do seu país. Tempos de Fúria: Memórias do Massacre de Homoíne, 18 de Julho de 1987, Moçambique é pequeno, mas bastante comovente testemunho de um jovem moçambicano que viveu e sentiu a fúria e a violência da guerra civil moçambicana opondo a Resistência Nacional Moçambicana, hoje (Renamo), e o Governo liderado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que nos relata, de uma maneira bastante simples e com muita naturalidade, episódios bastante marcantes da história da sua vida, num tom semelhante ao seu próprio carácter.” [Henrique Francisco Litsure (Universidade Pedagógica Sagrada Família da Maxixe, Moçambique), in Prefácio]
Índice:
Lista de mapas e imagens
Apresentação, por Luiz Henrique Passador
Prefácio, por Henrique F. Litsure
Agradecimentos
Introdução
Capítulo 1 – Precedentes do massacre
Capítulo 2 – 17 de Julho: a véspera
Capítulo 3 – 18 de Julho de 1987: o massacre de Homoíne
Capítulo 4 – Dias depois
Capítulo 5 – Minha família
Capítulo 6 – Rapto para as bases da Renamo
Capítulo 7 – Chegada às bases da Renamo
Capítulo 8 – Vida nas bases da Renamo
Capítulo 9 – Recrutamento e fuga
Capítulo 10 – Depoimentos de algumas vítimas do massacre
Epílogo
Notas autobiográficas do autor
Posfácio: Para uma história social da guerra civil moçambicana, por Michel Cahen
AUTOR:
HASSANE ARMANDO é filho de Armando Sique Guambe e Mequelina Francisco Lambo, nascido aos 23 de Fevereiro de 1975, em Moçambique, em Cassiano-Inhambane, residente no Bairro 18 de Julho, Distrito de Homoíne, Província de Inhambane. A 18 de Julho de 1987, data do massacre, aos seus 12 anos de idade, a frequentar a 5ª classe, foi raptado para as bases da Renamo, onde viveu o cativeiro durante 1 ano e 10 meses. Conseguiu fugir de volta para a vila de Homoíne em Maio de 1989. Em 1991 concluiu o ensino primário. Em 1998 terminou o ensino técnico básico em agro-pecuária, na Escola Agrária de Inhamússua-Homoíne. Em 2000 fez o ensino pré-universitário, no Seminário Propedêutico Franciscano Santo António em Chimoio. Em 2001 ingressou na carreira de docência leccionando na Escola Primária de Muvamba e de Nhachengue, no ano seguinte, ambas no Distrito de Massinga. Em 2004 gravou um disco de 9 músicas. Em 2006 conseguiu transferência para Homoíne, onde foi afecto na Escola Secundária 25 de Setembro de Homoíne. Em 2007 foi dotado de matéria de tutoria para os centros de apoio e aprendizagem (CAA) do programa do ensino secundário à distância (PESD), função que até hoje desempenha na Escola Secundária 25 de Setembro de Homoíne. No mesmo ano de 2007 escreveu a presente obra, Tempos de fúria. Memória do Massacre de Homoíne, 18 de Julho de 1987. É o primeiro moçambicano que escreve as suas memórias da guerra civil, sobretudo do massacre de Homoíne. De 2008 a 2011 concluiu a Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa, na Universidade Católica de Moçambique.
Detalhes:
Ano: 2018
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 174
Formato: 23x16
ISBN: 978-989-689-737-6
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