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Sinopse:
O naufrágio anunciado é o de uma velha casa de família – uma jangada de pedra e cal – que vai ser demolida para dar lugar a um prédio de muitos andares (metáfora do Algarve atual, em que a sua paisagem e alma são sacrificadas ao altar venal do turismo). De veraneio na velha casa, pela última vez, estão um adolescente (a tentar compreender-se e ao mundo que é o seu), a sua mãe (cujo casamento se afunda) e a avó (que nasceu naquela casa, que ama, e teme naufragar com ela).
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das redações do miguel: "Tal e qual um sismo: só ficou faltando a terra tremer, mas, ainda assim, os destroços não escasseiam. Isto está tudo numa confusão do caraças e eu ainda não atino com o que se está a passar nesta barafunda toda. Só sei que o pai saiu há dois dias, ou melhor, há duas noites. Desde então não há sossego nesta casa, não sei se vou se venho, quem está quem foi, quem disse e fez o quê a quem, e até quem sou eu no meio desta trapalhada, além de neto da minha avó. Para lá dela nem consigo nortear-me, ela é o único chão firme neste campo devastado, alguém que não se liquefaz em lágrimas como a minha mãe, nem se desvaneceu de madrugada, carregando uma maleta de roupa, como o meu pai. Até a senhora Júlia parece que bebeu, só nos põe comida salgada na mesa e ontem, toda baralhada, deu-lhe na telha servir o jantar às cinco da tarde e teve a avó de metê-la na ordem ao dizer-lhe que só eram horas do chá. A avó tenta dar a tudo uma aparência de normalidade, manter horários, ir à praia comigo, mas não está conseguindo, fogo!, com a mãe a chamá-la para o quarto a toda a hora, para ter umas conversas cujo começo eu ainda ouço e é sempre o mesmo – "e a mãe o que acha que o João..." – antes da porta bater."
Índice:
– Redações do Miguel: 1 – Composição ou relato 2 – O castigo 3 – A casa 4 – A combinação que foi feita 5 – O quintal 6 – A mãe 7 – O pai 8 – A senhora Júlia 9 – A avó 10 – Eu 11 – O(s) telefonema(s)
– Composições da Isabel: I II III IV V
– Relatos da Matilde: Um Dois Três Quatro Cinco Seis
– Redações do Miguel: 12 – Tal e qual um sismo 13 – O repouso do guerreiro 14 – No princípio não era o caos
– Relato da Matilde: Sete
– Composição da Isabel: VI
– Relato da Matilde: Oito
– Redação do Miguel: 15 – Os Promotores imobiliários
– Relato da Matilde: Nove
– Redação do Miguel: 16 – A saída à noite
– Composição da Isabel: VII
– Redação do Miguel: 17 – O morto
– Relato da Matilde: Dez
– Redações do Miguel: 18 – As dúvidas existenciais 19 – A discoteca
– Relatos da Matilde: Onze
– Composições da Isabel: VIII IX
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A AUTORA:
MARIA DO VALE CARTAXO, nascida em Portimão, menina e moça partiu de casa de seus pais para estudar no liceu de Faro e na universidade de Lisboa, e logo sentiu o anseio de sair do lar pátrio e ir mais longe – não se contentando com pouco, deu a volta ao mundo e navegou pelos oceanos Atlântico, Índico, Pacífico e outros mares. Fazendo toda a rota marítima dos antepassados descobridores, contornou o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança, com paragens no Senegal, África do Sul e Quénia, aportou em Bombaim, ancorou no Ceilão, arribou em Malaca, navegou até Macau, viajou por Taiwan e desembarcou em Nagasaki, no Japão. Sobre duas rodas, cavalgando uma mota com o seu marido Christopher Gosden, um inglês também sedento de aventura, percorreu milhares de quilómetros desde Singapura, através da Malásia e da Tailândia, até ao Laos e Camboja. Posteriormente, viveram e viajaram por terra durante um ano e meio, numa pequena caravana “pão de forma” VW, por todo o continente americano, desde o Canadá ao Chile, cruzaram a Argentina e fixaram-se no Brasil. Para lá de todos os lugares que conheceu em quatro continentes, dos Alpes aos Andes, dos glaciares canadianos ao deserto de Atacama e à floresta amazónica, a autora morou em Salzburg, Colombo, Bangkok, Hong Kong, Tóquio, Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde trabalhou em missões diplomáticas, empresas multinacionais, escolas e como tradutora freelance. Depois de regressar à sua terra, passou a residir perto de Alvor, com vista para o mar que tanto ama. Foi a primeira agraciada com o Prémio Manuel Teixeira Gomes, instituído pela Câmara de Portimão, em 1999, com o conto A viagem e depois disso foi também premiada em 2002 com a novela O legado de Mrs. Baker e, em 2006, com o conto O sétimo dia. Publicou ainda os romances Três diários de bordo em rota de naufrágio, em 2003; O dia não, em 2008; Outrora eu era daqui, em 2017 e No Comboio Ascendente, em 2018.
Detalhes:
Ano: 2021
Capa: capa mole
Tipo: Livro
N. páginas: 186
Formato: 23x16
ISBN: 9789896899325
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