MARIA DO VALE CARTAXO, nascida em Portimão, menina e moça partiu de casa de seus pais para estudar no liceu de Faro e na universidade de Lisboa, e logo sentiu o anseio de sair do lar pátrio e ir mais longe – não se contentando com pouco, deu a volta ao mundo e navegou pelos oceanos Atlântico, Índico, Pacífico e outros mares. Fazendo toda a rota marítima dos antepassados desco- bridores, contornou o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança, com paragens no Senegal, África do Sul e Quénia, aportou em Bombaim, ancorou no Ceilão, arribou em Malaca, navegou até Macau, viajou por Taiwan e desembarcou em Nagasaki, no Japão.
Sobre duas rodas, cavalgando uma mota com o seu marido Christopher Gosden, um inglês também sedento de aventura, percorreu milhares de quilóme- tros desde Singapura, através da Malásia e da Tailândia, até ao Laos e Camboja. Posteriormente, viveram e viajaram por terra durante um ano e meio, numa pequena caravana “pão de forma” VW, por todo o continente americano, desde o Canadá ao Chile, cruzaram a Argentina e fixaram-se no Brasil.
Para lá de todos os lugares que conheceu em quatro continentes, dos Alpes aos Andes, dos glaciares canadianos ao deserto de Atacama e à floresta amazónica, a autora morou em Salzburg, Colombo, Bangkok, Hong Kong, Tóquio, Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde trabalhou em missões diplomáticas, empresas multinacionais, escolas e como tradutora free-lance.
Depois de regressar à sua terra, passou a residir perto de Alvor, com vista para o mar que tanto ama.
Foi a primeira agraciada com o Prémio Manuel Teixeira Gomes, instituído pela Câmara de Portimão, em 1999, com o conto A viagem e depois disso foi tam- bém premiada em 2002 com a novela O legado de Mrs. Baker e, em 2006, com o conto O sétimo dia. Publicou ainda os romances Três diários de bordo em rota de naufrágio, em 2003; O dia não, em 2008; Outrora eu era daqui, em 2017 e No Comboio Ascendente, em 2018.