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A Dimensão Teatral do Auto da Fé

O preço original era: 16,00 €.O preço atual é: 14,40 €.

Tendo como âmbito a relação entre o teatro e a sociedade, partindo da ideia de que o Auto da Fé, a cerimónia da Inquisição na qual, publicamente e com grande aparato, eram anunciados os condenados por heresia e as respetivas penas, possuía uma dimensão teatral, surge este livro. A igreja e o teatro estiveram sempre, de uma forma ou de outra, relacionados e, essa condição levava-me a pensar que as manifestações do poder religioso utilizavam procedimentos teatrais na sua elaboração e que haveria a consciência da eficácia do teatro enquanto instrumento de instauração da ordem e correção de comportamentos desajustados. No caso do Auto da Fé havia a particularidade de, em simultâneo, este operar enquanto instaurador de terror e enquanto festa.

O público aderia a esta dupla função, exteriorizando as emoções, acompanhando vocalmente os cânticos e as orações e incitando os condenados não confessos a confessarem o seu crime. Sou e sempre fui esse tipo de homem que encontra na atividade do fingimento a melhor forma de se esconder e de se revelar. Desde a idade de seis anos que soube que queria ser ator – sem saber exatamente o que significava isso nem qual a importância que teria no seio da sociedade.

Sentia apenas que não me cansava (e esperava nunca vir a cansar-me) de fingir. Estava longe de saber que esse fingimento era a minha tradução do conceito mais geral de representação. (…) Havia e há, pois, uma relação direta entre teatro e sociedade. Mas essa relação não se resumia a uma função de entretenimento ou a ser uma das formas de expressão artística do ser humano. Havia e há uma utilidade estética, no teatro, que lhe permite conformar uma ideologia ou um conjunto de normas de conduta. Deste modo, o teatro poderia funcionar como instrumento pedagógico e propagandístico.
Número de páginas: 260

REF: 9789896897826 Categorias: , , ,

Bruno Schiappa é doutorado em Estudos Artísticos pela Universidade de Lisboa, na especialidade de Estudos de Teatro, é Ator, Encenador, Dramaturgo e Investigador Integrado do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa.
Além de reunir já mais de 50 textos de teatro, assina aqui o seu segundo livro sobre as questões da teatralidade e da relação do teatro com a sociedade e o poder.
Encontra-se a desenvolver uma investigação em regime de Pós-Doutoramento pela FCT no CET, sobre as manifestações da sexualidade na performance teatral.
Tem trabalhado em palco, cinema e televisão e formado vários atores portugueses; dirigiu um workshop sobre o Método em Montréal e o seu espetáculo de teatro Memórias de Um Psicopata foi apresentado em Paris no Kyron Éspace.
Durante oito anos (2000/2008) foi membro da companhia de teatro canadiana Pigeons International.
Foi protagonista da longa metragem de Orlando Fortunato Batepá e prémio de ator pelo trabalho em Frozen e (I)Mortal e de melhor coreografia das Marchas de Lisboa 2011, pela EGEAC.
Tem apresentado comunicações em várias conferências internacionais e é autor de vários artigos integrados em livros e em sites especializados.
Concebeu um mestrado e uma pós-graduação em Artes Performativas e Tecnologias Digitais.
Os seus projetos teatrais, bem como as suas investigações, debruçam-se sobre o papel do teatro e do espectador na instauração ou disrupção das normas convencionais de conduta.

Peso 0,400 kg
Dimensões (C x L x A) 1,4 × 16 × 23 cm

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