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Folhas Soltas de uma Vida

O preço original era: 18,00 €.O preço atual é: 16,20 €.

Crescem as lutas dos trabalhadores por todo o país com grande participação das mulheres que, forçadas pela precária situação económica em que viviam, a roçar a miséria, baixos salários dos maridos e constante subida do custo de vida, acorrem ao mercado de trabalho, o que satisfaz os interesses dos capitalistas pois os salários das mulheres eram, e continuam a ser, inferiores aos dos homens.

A expressão, o Princípio salário igual para trabalho igual foi sempre uma quimera, mesmo quando inserta na lei, por cuja efectivação gerações sucessivas têm lutado. E os filhos? Que fazer aos filhos? Que vêm ao mundo quando Deus quer. Ficam sozinhos entregues a si próprios ou a uma vizinha ou à solta na rua.”

(…) A mãe aproveita ainda o magro calor da cama mas tem que levantar-se para fazer o café com que o marido e os filhos acalentarão o estômago. Uma bata preta cobre-lhe o corpo descarnado e chato. A trança negra desgrenhada e solta cai-lhe ao longo das costas curvadas pelo sofrimento, pelos muitos filhos que o seu ventre gerou, pelo áspero vento do seu viver. As mãos ossudas e escuras, deformadas pelo trabalho.
O rosto envelhecido e pálido, coberto de pequenas rugas que lhe escondem a boca sem dentes, de lábios finos, outrora rosados e sensuais, conserva, porém, a energia de uma forte vontade. E os olhos de azeviche cheios de vida rebelde, de um brilho farejante que nos atravessa, dominam tudo: o marido e os filhos. A luz de petróleo confunde os gestos e as vozes. O cheiro do café fervente na cafeteira anima os corpos gelados e enfraquecidos.

As tijelas esvaziam-se, saboreando gostosamente o líquido negro que os aquenta. Mastigam apressadamente um pedaço de pão escuro. E ei-los prontos para percorrer a pé os quilómetros que os separa da fábrica e da oficina. (…)

Laura Lopes é professora do ensino secundário e advogada.
Foi consultora jurídica do Ministério da Comunicação Social junto da Comissão de Saneamento da Emissora Nacional e, posteriormente, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

Colaborou no Notícias da Amadora e no Diário de Lisboa, neste, até ao seu desaparecimento, abordando o tema situação jurídica da mulher casada e, após o 25 de Abril, os problemas da luta pela paz e a corrida aos armamentos.
Colaborou ainda nas revistas Jornal Magazine da Mulher, na década de 1950, no Modas e Bordados e Mulheres com a rubrica A mulher e a Lei.
Em 1977 publicou um livro: A mulher, a Família e a Lei.
Realizou múltiplos colóquios e sessões, por todo o país, sobre os mesmos assuntos.
Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres, em 1968, e do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, em 1973.
Como advogada dedicou-se ao Direito de Família e Direito Criminal, tendo defendido presos políticos.

Peso 0,660 kg
Dimensões (C x L x A) 2,3 × 16 × 23 cm

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