John Cage

A contribuição de John Cage para a música, a literatura e a arte do século XX não só estabeleceu o seu lugar como figura de proa da vanguarda do pós-guerra, como também lhe garantiu uma controvérsia duradoura. A sua ênfase no acaso, por oposição à intenção, rejeitou os métodos artís- ticos tradicionais e causou agitação entre os seus pares. O choque pro- vocado por peças como 4’33” ainda hoje reverbera, uma vez que a abor- dagem radical de Cage à arte e à estética continua a desafiar e a inspirar artistas de todo o mundo. Na sua biografia, Rob Haskins analisa a vida, a arte, as ideias e a obra de John Cage, avaliando os dois pilares da produção criativa de Cage e as ideias que lhe estão subjacentes. Desmistificando o uso do acaso pelo artista e a sua relação com o Zen Budismo, o livro explora a crença de Cage de que a vida quotidiana e a arte são uma e a mesma coisa. John Cage é um livro que agradará a músicos e artistas, bem como a leitores em geral interessados na arte, na música e nas ideias do século XX.

***

… Foi nesta situação paradoxal que Cage nasceu, a 5 de setembro de 1912, na cidade de Los Angeles, no sul da Califórnia, que na altura começava a rivalizar com o prestígio e a influência de São Francisco. E esse estado de paradoxo estendeu-se até aos pais e antepassados de Cage. O seu pai, John Milton Cage, trabalhou como inventor independente; alegre, de es- pírito um pouco errante e um pouco distraído, Cage père combinava o espírito de busca de um inventor com uma certa desconfiança em relação à exibição intelectual. (Uma vez escreveu um artigo para argumentar que as teorias de Einstein podiam ser expressas de forma muito mais simples do que a forma como o próprio Einstein as tinha formulado.) ….