Comenda com Alma

Jorge Porfírio, com elevada sabedoria presenteia-nos nesta monografia da sua terra, com uma pormenorizada viagem pelas diferentes artes e ofícios das suas gentes, referenciando sempre com maior ênfase os exemplos que, por esta ou aquela razão, mais se notabilizaram. // Como se de um guia cultural se trate, recebe-nos com orgulho na sua terra, franqueia-nos todas as portas e convida-nos a percorrer com ele o roteiro de várias décadas de vida. Escalpeliza o significado dos sítios – o café, a taberna, a forja -; abre o baú das recordações – a pesca, armar as costelas aos pássaros, as comédias e o cinema ao ar livre -; embriaga-nos com a nostalgia dos traços da personalidade dos diversos protagonistas. “Leva-nos à bruxa” e não se esquece das crendices e calhandrices tão próprias das nossas terras. Dá relevo aos múltiplos anexins (alcunhas), onde cada um terá o seu próprio significado. Evoca de forma propositada as cantigas de Abril para enterrar um tempo de trevas e enaltecer um tempo de liberdade onde sonhos feitos de paz, de fraternidade e progresso compunham estrofes de baladas que animaram madrugadas na aldeia. // [do Prefácio de João Galinha Barreto]