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O nome do livro sintetiza bem todo o seu conteúdo. Nele passo a escrito lembranças que fui buscar ao meu “Baú da Papelada”. No início são histórias da minha infância e da vida da gente pobre da Ribeira do Sado. A seguir vêm os anos da vida escolar. Terminado o meu curso de Engenharia Eletrotécnica cheguei, enfim, à cidade do Templo de Diana, onde vim trabalhar nas telecomunicações dos CTT.
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Até ao 25 de Abril, a conselho de um velho democrata meu amigo, não me expus politicamente e, não conhecendo ninguém da oposição local, fiquei surpreendido quando, em maio de 1974, me vieram convidar para fazer parte da Comissão Administrativa (CA) da Câmara.
Ao procurar saber a razão do convite, disseram-me: “nós nunca falámos consigo, mas tínhamos a certeza que era da oposição, porque víamos que todos os dias ia comprar o jornal República, aliás, entre nós era conhecido por ‘o engenheiro que compra a República na tabacaria do Agostinho’.” Aceitei o convite e, em julho de 1974, tomei posse de vereador na CA. Continuei ligado à autarquia, como vereador da FEPU, e fiz 3 mandatos na Assembleia Municipal nas listas do PS.
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O Eng.º Acácio Alferes partilha connosco de forma simples, quase romântica, o seu percurso de homem atento ao seu tempo, às pessoas, aos acontecimentos e sempre ao lado dos humildes e desprotegidos. Com “voz doce e bons modos” mesmo quando foi vítima de saneamento iníquo e estúpido (consequências de ser de esquerda). Longa marcha que o leva a Setúbal, do tempo de Rómulo de Carvalho (António Gedeão), a Évora e ao Instituto Superior Técnico. Passando pelas dificuldades dos estudantes de modestas posses, quartos baratos, restaurantes de qualidade duvidosa e dando explicações para poder estudar. Participando, naturalmente, nas lutas que surgem no rescaldo dos efeitos do decreto 40900, que queria submeter as Associações Académicas à Mocidade Portuguesa, até às greves de 1962 e em todos os movimentos dessa época contra a ditadura. Conquistada a liberdade, foi autarca, militante democrata, sempre presente no terreno, acompanhando os movimentos populares em Évora o que leva a direita revanchista a “saneá-lo” pondo-o na prateleira. Quadros da vida de um técnico brilhante que é acima de tudo um humanista. [MANUEL L. MALHEIROS]
Acácio Alferes – Nasci a 10 de abril de 1939 na Casa Branca do Sado e aí vivi até aos 16 anos. Aprendi as primeiras letras no posto escolar de Vale de Gaio, estudei no Torrão para fazer o 2.º ano do Liceu. Fiz o 5.º ano no liceu de Setúbal e o 7.º ano no liceu de Évora. No mês de outubro de 1957 entrei no Instituto Superior Técnico (IST) para o curso de Engenharia Eletrotécnica, curso que tive de interromper em julho de 1961, por ter sido obrigado a ir cumprir o serviço militar obrigatório. Depois de 3 anos na tropa fui dar aulas na Escola Emídio Navarro e, posteriormente, trabalhei na fábrica de transformadores da Siemens. Nesses anos, como trabalhador estudante, completei o curso.
No mês de janeiro de 1968 fui admitido nos CTT e em julho do mesmo ano fui colocado em Évora, no ramo das telecomunicações. Em Évora, durante anos, levei uma vida de casa trabalho e trabalho casa, mas, a seguir ao 25 de Abril veio outra vida. Fui nomeado vereador da Comissão Administrativa da Câmara no mês de Julho de 1974 e fui eleito vereador nas primeira eleições autárquicas da democracia, nas listas da FEPU. Três anos depois do MDP/CDE ter sido extinto, filiei-me no PS e fiz 3 mandatos na Assembleia Municipal nas listas deste partido. Com a idade de 81 anos publiquei o meu livro 81 “O Mundo Rural Onde Vivi e Outra Histórias”.
Peso
0,300 kg
Dimensões (C x L x A)
1,2 × 16 × 23 cm
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