Francisco Cantanhede é licenciado em Ciências Históricas. Foi professor de História (3.o ciclo) e de História e Geografia de Portugal (2.o ciclo) durante mais de 25 anos, encontrando-se na situação de aposentado. Autor de manuais escolares de HGP e História, há mais de 20 anos. Formador de professores no âmbito da didática da História. Tem participado com comunicações em escolas básicas e secundárias, nomeadamente, sobre o «Estado Novo» e o 25 de Abril de 1974, e em colóquios sobre educação. Colabora com o Jornal o Setubalense – Diário Região com artigos de opinião.
O cavador que lia livros no tempo de Salazar 4.ª Ed.
O preço original era: 16,00 €.14,40 €O preço atual é: 14,40 €.
Os homens e mulheres que ousavam ler livros e os que se atreviam a ouvir ler, mal tendo quase todos aprendido as primeiras letras, estavam, sem saber, conquistando impossíveis e construindo a utopia, pois é próprio das utopias procurar e ir procurando sempre, vendo mais longe e fazendo avançar o mundo, mesmo que se pressinta que a procura não vai ter fim.
É um modo de resistir, a recusa de baixar a cabeça, de encolher os ombros e de rastejar, sabendo que este não pode ser o destino de quem é gente.
Não aceitar, questionar, desobedecer a mandos injustos, está simbolizado neste livro de Francisco Cantanhede pela audácia de ler, ver mais do que os olhos alcançam, em tempo de obscuridade, hipocrisia e miséria, como foi o da ditadura de Salazar e Marcelo Caetano. [Aurora Rodrigues].
***
Quando nada havia para meter na panela de barro, anichada ao canto da chaminé debaixo da trempe de ferro, Maria, protegida pelo lusco-fusco, conseguia ludibriar a patrulha da G.N.R. que, a cavalo, se escondia junto das veredas por onde circulavam vultos de regresso a casa e, tateando com as duas mãos no chão, apanhar algumas boletas, alimentação reservada a porcos, proibida à boca de farrapos humanos. Cozinhava-as com folhas de funcho ou erva- doce para enganar a fome impiedosa que exigia ser contentada.
Se a ladra fosse apanhada, seguiria com o produto do roubo à cabeça, entre as duas bestas, até à sede do latifúndio. Na presença do dono daquilo tudo, provocada, humilhada, pediria mil perdões pelo crime cometido, juraria mil vezes não voltar a apanhar o fruto proibido a que só os suínos tinham direito. Maria deveria saber que a natureza criou a boleta para os porcos e os porcos nasceram para a boleta…
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