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O MFA em Moçambique

O preço original era: 20,00 €.O preço atual é: 18,00 €.

O MFA em Moçambique iniciou a sua actividade logo em 26 de Abril com uma carta enviada às Comissões Regionais en­cimada pela letra da canção “Grândola Vila Morena”, que dava informações sobre a situação em Lisboa, tecia louvores ao golpe de Estado e augurava o encontro de soluções para os problemas de Moçambique. Ficava, assim, no vago, sem avançar com qualquer ideia, evitando o risco de ser logo rejei­tada e que acabasse por dividir os homens do Movimento.

A primeira reunião do MFA foi na messe de Nampula, no dia 27 de Abril, e correu mal. Pela simples razão de que os homens do MFA não tinham respostas para as perguntas pertinentes que foram colocadas.

Cabe aqui dizer ainda que o MFA em Moçambique não assumiu nenhuma prova de força que lhe conferisse o poder indispensável para intervir na ordem das coisas. Não impôs a demissão de ninguém, não avançou com um programa de medidas imediatas, limitando-se a pôr questões para Lisboa e esperar que viessem as respostas. Que não vieram, ou que vieram já muito tarde. As suas circunstâncias não lhe permitiram essa ousadia.

A Revolução ainda nem começou, insistia o João.

*  *  *

Passam agora 45 anos dos factos que relato neste livro. Falo de uma expe­riência que a poucos foi dado viver.

Como membro do MFA, neste caso de Moçambique, tive o privilégio de participar num processo intenso e delicado, acompanhando a trans­ferência da soberania de Portugal para o novo poder moçambicano, assumido pela FRELIMO. Foi uma oportunidade que não quis dei­xar de viver, quando talvez tivesse sido mais fácil regressar a Portugal e participar num outro processo, também intenso, no meu país.

Não me pareceu, contudo, ade­quado à minha condição de militar e membro do MFA furtar-me a uma situação que outros meus camara­das assumiam e mesmo iniciavam, ainda enviados de Portugal (…)

Terminámos inquietos, mas cons­cientes do nosso esforço, da nossa participação, esperançados de que, passada a tormenta, melhores dias viriam, e que as relações de Portu­gal e Moçambique, enquanto países iguais, seriam no futuro promissoras e fraternais.

 

Nº Páginas:  414

Capa:  mole (16 x 23 cm)

ANICETO AFONSO é coronel do Exército, na situação de Reforma. Natural de Vinhais, fez comis­sões militares em Angola (1969-1971) e em Moçambique (1973-1975). Foi membro do Movimento dos Capitães em Moçambique e integrou a Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas neste territó­rio desde o 25 de Abril até à independência, em 25 de junho de 1975.

Concluiu a licenciatura em História em 1980 e o mestrado em História Contempo­rânea de Portugal em 1990, na Faculdade de Letras de Lisboa. É sócio fundador da As­sociação 25 de Abril, membro da Comissão Portuguesa de História Militar e investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Tem publicado artigos e livros relacionados com a Grande Guerra e a Guerra Colonial, sendo de destacar uma memória sobre o pe­ríodo anterior ao 25 de Abril em Moçambi­que (O Meu Avô Africano, Lisboa, Casa das Letras, 2009), que estabelece ligação com o livro que agora se apresenta, O MFA em Mo­çambique – do 25 de Abril à Independência.

Peso 0,650 kg
Dimensões (C x L x A) 16 × 23 cm
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