Luís Pedro Cruz colheita de 59, e à “Parede” chama-lhe a sua terra. Arquiteto no Alentejo, fascinado pela paisagem que o cerca, desenhador compulsivo e desorganizado, sem grande paciência, traço rápido que funciona por sucessivas aproximações à realidade sem nunca lá chegar e com o erro bem à vista (aliás, mais do que isso não lhe peçam, porque cada um faz o que sabe!). Capta sítios sem deixar pela metade. É solitário, talvez até tímido e, por isso, usa o desenho para chegar aos outros sem dar a cara. Quando quem olha interioriza o desenho e a partir do registo fala de si, do que viveu, e com os outros – objetivo conseguido!
Ultimamente faz livros: primeiro um calhamaço “A Reabilitação e Autenticidade – Consequências no Tecido Urbano” e, depois, “(a)Riscar” por aí: primeiro “em Castelo de Vide”, à custa de desenhos (d)escritos e, agora, “em Póvoa e Meadas… a cores”.
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Falar do “a(r)riscar” é falar de um projeto que já tem uma história. Não sei se faz sentido falar de uma coleção, mas, na verdade, o livro “A(r)riscar em Montalvão” é já o terceiro volume desta sequência. Portanto, como biografia do autor, para não repetir o que já foi dito nos livros anteriores, para mim o que parece adequado é fixar-me no que aconteceu a partir do livro “A(r)riscar em Póvoa e Meadas”. E, de então para cá, o que de novo acontece são participações em projetos coletivos, destacando-se a revista “Êlhér” que conta com 79 dos desenhos que integram o livro “A(r)riscar em Montalvão” e a colaboração com a Universidade de Arquitetura de Sevilha que, num projeto que envolveu vários participantes, no meu caso resultou num trabalho apresentado em Sevilha e que relaciona Montalvão com Castelo de Vide intitulado “O desenho na perceção do território”. Por último, fora do contexto da análise do território através do desenho, surge um outro livro, “O Teatro de Deus”, com poemas do Rui Casal Ribeiro e que recupera um projeto adiado não pelo tema, mas pela relação do desenho com o texto poético e em que, ao contrário de poemas ilustrados, o desenho é, aqui, o ponto de partida para os textos do livro.
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