SINOPSE
“[Os] capitães eram portadores de um programa de ruptura, verdadeiramente revolucionário, que gravitava em torno de três premissas centrais: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. As medidas imediatas propostas previam o restabelecimento das liberdades fundamentais, o desmantelamento dos organismos e instituições do regime deposto, a amnistia dos presos políticos e, sobretudo, a convocação, no prazo de doze meses, de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita por sufrágio universal, directo e secreto. Da mesma forma, depois de mais de uma década a lutar nas frentes de África, os capitães propunham-se pôr termo à guerra e iniciar um processo que permitisse o reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e independência. Finalmente, o Programa consignava o lançamento de uma nova política económica e social que permitisse uma maior justiça social e o progresso do país. Ainda que a sua aplicação não tenha sido fácil nem linear, os princípios do Programa do MFA foram a bandeira empunhada pelos que se mobilizaram para pôr termo à ditadura a 25 de Abril de 1974.”
[do Prefácio de MARIA INÁCIA REZOLA,
Comissária para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril]
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“Depois de um percalço na manobra, a Chaimite “Bula” marcha à ré e encosta a traseira um pouco para além do portão do quartel – o suficiente para que Marcello Caetano e os ministros entrem para a viatura sem serem avistados pelo povo excitado. Caetano, de expressão cansada e revoltada, exclama para si próprio ao dobrar-se para entrar no blindado: «É a vida». O carro avança com um soldado no topo a desenhar com os dedos o “V” de vitória, e as gentes batem na “Bula” porque sabem que, lá dentro, a caminho da Pontinha, vai a cúpula do poder caído.”
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